domingo, 9 de dezembro de 2012

Uma carta e uma chuva de filme

   Acordei agora a pouco com uma tremenda dor de cabeça e uma espécie de nó na garganta. Eu tinha vontade de gritar mas ao mesmo tempo em que não podia, também não sabia o por que disso.
    Aos poucos minha memória pareceu querer voltar. Vi algumas imagens meio borradas na minha mente. Lembro-me de uma chuva bem pesada e eu com casaco de um capaz no meio da rua, talvez em frente ao meu predio, com alguma coisa nas mãos. Não consegui me lembra o que era e nem o por que segurava aquilo.
     Você de repente apareceu na minha cabeça. E eu pensei "Mas o que você tá fazendo aqui, já terminamos você não devia mais aparecer assim nos meus pensamentos. E aí me lembrei que infelizmente você ainda me aparecia porque eu sentia algo muito mais forte por você do que você por mim. Talvez... Talvez eu tenha até me machucado por sua causa, mas disso eu já não tinha mais tanta certeza.
     Joguei para o ar o edredom que ainda me cobria. Eu estava com um casacão bem maior do que o meu número. Era seu. Você havia me dito que eu podia ficar com ele na época em que eu tinha dito que queria o teu cheiro pra sempre pra mim. Na época em que eu disse que casaco de homem é bem mais quentinho. E isso ainda não deixou de ser verdade. Mas agora ele virou meu. Levantei as mangas dele para ter certeza de uma coisa. Lá estava. Um corte não muito fundo e vermelho esperando ser fechado. Apenas um. Apenas um que eu não sei como tive coragem de fazer. Como eu pude me machucar desse jeito por você? Agora eu entendo o que as pessoas dizem sobre virar um idiota quando se está apaixonado.
     Você estava lá na festa com outra garota, por sinal loura, exatamente o tipo que você tinha me dito que não gostava. E você fazia questão de me mostrar que não sentia minha falta. Que de repente o seu amor por mim já não existia mais. Enquanto eu... Estava lá na festa por acaso e quando te vi minha vontade era de ir até você e dizer que eu ainda gostava de você mesmo você não gostando mais de mim e terminando tudo o que eu dei duro pra conseguir com você.
     De repente ouço o telefone tocar. Era o porteiro dizendo que tinha chegado uma correspondência pra mim. Antes de saí coloquei o capuz e fiquei um tempo olhando pela janela. A chuva estava tão linda e até branca como em filmes. Uma chuva de filmes.
     Desci bem rapido e peguei o envelope branco lacrado com um adesivo qualquer. Quando olhei para aquele papel guardado ali dentro eu me lembrei. E subi de volta ao meu apartamento.
     Era uma carta. Era isso o que eu segurava naquele dia de chuv forte. Eu colocara na minha própria caixinha de correio pelo noite enquanto chorava litros de dor. Olhei para a minha letra no papel. Eu tinha escrito aquilo pra você. Mas eu fiquei pensando nas minhas próprias palavras. Se eu o amo, eu quero que você fosse feliz mesmo que não comigo. Mas por que eu não podia tentar isso pra mim? Quero dizer... Me amar mais e dizer pra mim mesma na frente do espelho o quanto eu quero e vou fazer de tudo pra ser feliz.
     Acabou que a carta que eu não tive coragem de mandar pra ele e guardei na minha caixinha serviu pra mim. Era assim mesmo que eu ia fazer daqui pra frente. Tentar ser feliz comigo mesma, porque assim os outros também se sentirão felizes a minha volta.
     Agora eu estou olhando de volta para a janela. A chuva de filme já foi embora. Mas as gotinhas de água ainda estão lá batalhando entre si para ver quem cai primeiro ao fim do vidro. E uma dessas sou eu que vou correr atrás dos meus sonhos e chegar até o meu fim feliz por ter conseguido. ❤


Minha Crônica

Bia

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